Massa humana

Meu Deus quanta gente,

É um mar de gente,

É qual as formigas-correção lá dá roça

Vão, vem, e vão de novo e torna a voltar.

Será que sabem pra onde vão?

Serão que vão pra onde querem ir?

Quanta gente,

Quantas dores,

Quantos sonhos.

Quantos procurando seu lugar no mundo.

Haja lugar pra tanta gente.

As estradas estão cheias de carros,

carros brancos, pretos, pratas, novos, velhos. Pra que tanto carro, meu Deus,

pergunta meu coração.

As pessoas vão, tem fome

As pessoas vem, tem sede,

Tem sede de saber, de chegar, de amar,

de encachar-se, de encontrar um amor.

Essa gente que procura,

procura sucesso,

reconhecimento,

dinheiro,

bens materiais,

empregos de que não gostam,

um parceiro,

uma cor pro cabelo,

um nome pro cachorro.

Essa gente que as vezes de tanto procurar se perde.

Essa gente que se tece, entrelaça, emaranha,

esgarça, rompe e se remenda.

Essa gente que é gorda, magra, alta,

baixa, branca, amarela, preta, marrom,

que tem olhos verdes, pretos, azuis, castanhos, da cor que quiser,

que trabalha, que estuda, que vai à luta.

Essa gente que é um mosaico ambulante e vivo.

Essa gente que se interliga por um fio invisível e poderoso que alguns chamam destino.

Essa gente que é uma gente só,

mas vive se dividindo.

Essa gente de vez em quando tem que parar, respirar, desacelerar e se lembrar de ser gente,

De ser gente de verdade.

Meu Deus, quanta gente.