LUA OU O ENCONTRO - 01 - mário / LUA / ética
Caro Mário:
Que qual possa ser a motivação para eu me dirigir a ti, poeta ético no abandono, justamente nuns versos dedicados a minha neta, LUA, agora a caminhar para os três anos?
LUA: se já leste o título do poemário, acompanha-se de ENCONTRO, palavra bem querida, como se fossem equivalentes o seu singular nome próprio e um encontro singularizado, este, que irei debulhando, e não outro.
Começarei pelo final a comentar ou redescobrir o teu poeMÁRIO, decisão não muito meditada, mas ao cabo, decisão na procura das fontes originais, liricamente, desde o fim do texto, que, dizem, "coronat opus".
Não me perguntes pela motivação: não há nem merece a pena que haja. Talvez me influísse algum comentário da minha Rosa a poemas teus do livro de poesias 'Ética do abandono'. Talvez! Mas talvez não me influísse, porque de antemão eu já optara por fazer ou acaso executar a ação que comecei de executar.
Na contracapa Carme Pais Filgueira oferece ao público leitor o teu texto. E copio:
Isto não é um poema. É a sintaxe a espreitar a voragem. Sem épica, sem esperança. 'Ética do abandono' constrói uma estela gravada com a herança não desejada, o marasmo que ninguém vê, que expulsa, consome e constringe. É um percurso héctico da linguagem em torno de uma pira própria e alheia em que o desamparo atravessa o corredor do corpo, da casa, até às vidas. Um despejo necessário da agonia de um constante final, de um princípio constante.
A lançadora do teu não poemário também não data nem situa a sua apresentação: Compostela num Ano Jacobeu, prolongado para vencer milagreiramente a pandemia? Ou para facilitar a chegada de peregrinas e peregrinagens que, após depositarem pecados aos pés dos confessores, depositem igualmente os euros do perdão na caixa secreta da catedral?
Permite, Mário, que imagine ou fantasie um dos propósitos teus inscrito no poemário ou poema multifacetado. Conhecendo-te e lendo-te no facebook, acho que nesta 'Ética do abandono' procuras fazer como uma confissão de teclado computadorizante ou computadorizada, tanto tem.
Seja como for, começo a leitura comentada do teu livro em papel, mas começo pelo final. Disse. Comecei já pelo final ao citar a apresentação da Carme.
Recuo; não, avanço e vejo que te acompanham poetas de ambos os sexos nada desprezíveis: Ugia Pedreira, poetas vários lusófonos para crianças, … Teresa Moure, Vítor Vaqueiro, … Concha Rousia, Pedro Casteleiro, Celso Álvarez Cáccamo, … Ricardo Carvalho Calero, … Guerra da Cal …, para além de ti mesmo, 'Outra vida' (22 poemas, uma confissão e um esclarecimento) e 'A fé do converso'.
Sorte tendes em serdes publicados. Haverá ocasião de me explicares esse sair do prelo tão doado. Só curiosidade. Talvez por não ser de aquí nem já ser de lá.
E LUA, minha neta, dá ao poemário o título seguido de encontro ou contraposto a ele. A conjunção oferece quer essas contradições, quer tais peculiaridades.
Não entendas, Mário, que busco opor-te à minha neta; simplesmente procuro contradizer, amavelmente, o teu poemário com o meu, que bem poderia ser intitulado 'Ética ou Estética do Encontro … do Encontro Procurado e talvez sempre por achar'.