feiuras lerdas

das feiuras lerdas e acinzentadas

do advento de ter razão

e ter certeza

sem o pulso que faz pulsar

as cores do teu coração

das feiuras ocas e insossas

do teu comodismo lírico

de proselitismos absurdos !

de tua constante certeza

sem a leveza

sem a delicadeza

a latejar as veias

da alma que estremece

com os lampejos da tirania de ter razão

não mais a ilusão de ter certeza

que corrói como doença

que se lançava e alcançava

as tuas estradas

os teus caminhos

não mais a ilusão doce

que se encarnava na tua fé cega

que te carregava e te sugava

como ambulante e peregrino

como míope rude

te encurralava e exalava a podridão

dos abismos profundos,

de subsolos em linhas retas

abissais e desertas

corroídas pela ferrugem

de seguir por entre buracos

solapados e deteriorados

e anestesiado nada sentia

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 05/02/2022
Reeditado em 05/02/2022
Código do texto: T7445706
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