seus deuses
você que engole deus e deuses
e depois cospe nas faces alheias
com ironias e descasos
...e hostilidades
você que come deuses e deusas
...e vomita em terrenos secos e vazios,
baldios
alheios a seus recônditos
esconderijos dos seus medos
segredos sujos de suas covardias
e hipocrisias:
você com seus deuses
você com seus deuses ocos, caolhos, míopes
e deuses alados
sem a exuberância de ter asas
você, medos dos medos
medos dos medos
dos medos
segredos sujos de suas covardias
e hipocrisias :
você e seus deuses engaiolados
depravados e escrotos
estéreis, vis, mesquinhos
com o peito encharcado de solidão
e de dor
com as cores tonalizantes da razão
sem medida
escondida
e desprovida de delicadezas
com o peito encharcado,
rachado, deteriorado, enferrujado,
falido, esquartejado
engole teus deuses !
cospe teus deuses !
vomita teus deuses !
e ignora o Deus que mora em ti
e ignora Deus nas Bonitezas
dos silêncios
nas ausências, no germinar,
no sorrir, na lágrima
que rola,
no grão que estala, na areia que reluz
e exala brilho
e não mais serves a teus deuses - Bostas
você, engasgado de seus vômitos
de suas crenças - cercas
de suas gaiolas - muros
dos seus deuses escrotos
pernósticos, depravados
ousados sem ousadia da coragem
das rebeldias mais rebeldes,
mais vis, mais vagabundas
e abandonas seus deuses pornôs sem pornografias ,
servis de serviçais cegos, mocos e surdos, mudos
deuses prisões
em grades de feiuras lerdas
do seu ter razão
e seu ter certeza
que lhe apruma na sua cegueira