Sou o que sou...
Águida Hettwer
 
 
Trago nas mãos a suavidade da lua,
Contornando as almas apaixonadas,
Deleito-me nos silêncios das madrugadas,
Sou a poesia deitada nas rimas.
 
Extraí o doce do mel e lancei nas palavras,
Estatelei o fel das entranhas,
Num sonho imaculado pousei sobre ti,
E hoje, já não sou eu que vivo em mim...
 
Sou conjunto de letras,
Que traduzem sentimentos,
A essência da razão
Que perdi em alguns momentos.
 
A voz desafinada,
Que embargou e ficou calada,
A lágrima que desceu e secou na face,
E ninguém notou...
 
Sou a fragrância que exala,
 Dos frascos dos perfumes,
A flor que germina sem ser semeada,
A brisa que envolve as madrugadas.
 
Tenho intimidade com o sopro do vento,
Em ecos multiplicados
Balançam meus pensamentos
Nos trigais em terras longínquas.
 
Sou o que sou...
Incógnita sem rima.
 
 
20.11.2007