O duelo

O gato espreita sorrateiramente uma pomba

A matar sua sede numa poça no chão,

Eu torço pela pomba no meu coração

A pomba tem medo, mas corajosa sonha.

O gato se esgueira armando o bote

A pobre pomba queria apenas beber água

Mas a cada passo do gato sua vida  míngua

Eu observo o duelo com o coração a galope.

O duelo, meu Deus, se aproxima do desfecho

O gato se prepara para o golpe final

Meu coração, simpático à vida, tem medo.

O gato deu o bote, mas a vida hoje venceu

Pois a pomba , tal qual a poesia, voa

E ao menos  por hoje a esperança não morreu.