Autolibertação
Se vão sessenta e oito primaveras,
Desde a primeira flor que cultivei!
E a minha vida segue a minha lei,
E a minha lei dá ordens mui severas:
Ordena que eu veja o céu se pôr.
Ordena que eu veja o sol nascer.
Ordena que, no âmago do ser,
Eu siga a minha lei por onde for.
Pois hoje eu resolvi subverter
A minha própria lei, e desfazer
Tudo o que ela me impôs até agora.
Não vou olhar pro céu no pôr do sol,
Nem ver o sol nascer no arrebol,
Até que a primavera vá embora.