A NAU DESLAÇADA

Era um barco à deriva

Não tinha porto

não tinha seguro

bússola, timão, mapa,

prumo ou qualquer direção

Cruzava os sete mares

acima de serpentes e monstros marinhos,

boiando por aqui e por acolá

enfeitiçado pelo canto das gaivotas e das sereias

Seus enormes braços abertos eram velas

enfunadas a acolher o vento

que sempre lhe levava para longe da costa

e das espumas sossegadas que o mar transpirava

no umedecer das praias e suas areias

Se vivesse em uma floresta diria que estava perdido

mas no alto-mar das ondas era apenas uma solidão

que para atrás não encontrou para si seu horizonte

Quando um dia naufragar irá para o céu das águas de Poseidon

e quem sabe lá poderá encontrar um colo molhado

que ele possa finalmente chamar de mãe

Por anda meu primo Fernando?

Joaquim Cesário de Mello
Enviado por Joaquim Cesário de Mello em 02/02/2022
Reeditado em 12/02/2022
Código do texto: T7443188
Classificação de conteúdo: seguro