A NAU DESLAÇADA
Era um barco à deriva
Não tinha porto
não tinha seguro
bússola, timão, mapa,
prumo ou qualquer direção
Cruzava os sete mares
acima de serpentes e monstros marinhos,
boiando por aqui e por acolá
enfeitiçado pelo canto das gaivotas e das sereias
Seus enormes braços abertos eram velas
enfunadas a acolher o vento
que sempre lhe levava para longe da costa
e das espumas sossegadas que o mar transpirava
no umedecer das praias e suas areias
Se vivesse em uma floresta diria que estava perdido
mas no alto-mar das ondas era apenas uma solidão
que para atrás não encontrou para si seu horizonte
Quando um dia naufragar irá para o céu das águas de Poseidon
e quem sabe lá poderá encontrar um colo molhado
que ele possa finalmente chamar de mãe
Por anda meu primo Fernando?