Duros invernos
Pérfida noite em silêncio,
Batem as águas do coração,
Escorrem nos ventrículos da alma,
O frio dos umbrais,
Talvez sim, talvez não,
Os ventos calam,
O ressoar do meus ais,
Serei pó da minha pobre ilusão,
A rima caída de uma pobre escansão,
Serei eu o grito dos ancestrais,
Levados às margens rios,
Quem sou eu enjeitadas em tépalas,
Estilhaçadas aos pedaços,
À espera nesse breu sem fim,
Oh tempo! tenha dó de mim,
Arrepiam-me os medos,
As marcas carregadas do sofrer,
Quem sou eu, senão aquela mulher,
Que a muito esperou,
Que doou seu ventre,
E ao amor acreditou,
Mas, este último rasgou-me as páginas,
Ancorou em outro porto,
Jogou-me favas,
Deixando-me florir,
Com as dores das madrugadas,
Em duros invernos,
Com uma paixão de verão (...)
(M&M)