Duros invernos

Pérfida noite em silêncio,

Batem as águas do coração,

Escorrem nos ventrículos da alma,

O frio dos umbrais,

Talvez sim, talvez não,

Os ventos calam,

O ressoar do meus ais,

Serei pó da minha pobre ilusão,

A rima caída de uma pobre escansão,

Serei eu o grito dos ancestrais,

Levados às margens rios,

Quem sou eu enjeitadas em tépalas,

Estilhaçadas aos pedaços,

À espera nesse breu sem fim,

Oh tempo! tenha dó de mim,

Arrepiam-me os medos,

As marcas carregadas do sofrer,

Quem sou eu, senão aquela mulher,

Que a muito esperou,

Que doou seu ventre,

E ao amor acreditou,

Mas, este último rasgou-me as páginas,

Ancorou em outro porto,

Jogou-me favas,

Deixando-me florir,

Com as dores das madrugadas,

Em duros invernos,

Com uma paixão de verão (...)

(M&M)

Daniel Miguelavez ou Merlin Magiko
Enviado por Daniel Miguelavez ou Merlin Magiko em 01/02/2022
Código do texto: T7442397
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.