DIVAGANDO
DIVAGANDO
Devagar divagar
No tempo de nada
Sonhar o que
Pesadelar o que
Entre alvoreceres e crepúsculos
Seguem as estações
Cegas e rotineiras sem ações
Bate-se cabeça à toa
A voz não ecoa
Surdez é dádiva
Mudez é prudência
Avenças e desavenças
Geram condolências
Infrutíferas sem florescências
Não há aromas
Apenas cheiros
Respira-se e pira-se
Não toca-se e não se toca
Recolhe-se a toca
Não índio sem oca
Sem dança de chuva
Chove e dança-se
Inunda-se de dejetos
E os projetos?
Morrem em escaninhos
Perdem-se nos caminhos
Circulam em redes
Cheias de furos
De dedos duros
Que morrem em praias
De areias movediças
E carniças
Que fazem a festa
De urubus e tubarões
Regiamente paramentados
Para carnavais sem fim
O fim
Apenas para recalcitrantes
Que brigam sabendo da derrota
Vencem os demiurgos e mitos
Lamentavelmente