COMO PODE ME VER, SE LÁ NÃO ESTOU!
Cercado de quem lhe faz bem,
Evita os olhares de alguém,
E por mais que ela cante afinado,
Aqui, do outro lado,
Ela não encanta ninguém.
E por mais que a poesia lhe seja,
Aquela que nela sempre o veja,
D' esse "bolo", ele nunca é cereja;
Mas confunde quem assim deseja.
Escrevo sobre a sede, estando saciado,
Como eu escrevo do amor, mesmo sendo odiado;
E tudo que digo afinado,
Digo de fora,
Mas sobre o sol, iluminado!
Há quem goste e há quem finja não gostar,
Mas aqui, o que se venha postar,
É feito do íntimo da alma
Mesmo quando a desalma
Vem das "bandas"
Do descaso.
Ênio Azevedo