ESTÉRIL
Resido neste silêncio que perdura
— quando atravesso as passarelas
da rede e da sua voz mais profunda.
Estou entre essa covardia sem adubo
e a ausência de decibéis do meu verso,
onde escondo as palavras que procuro.
Vejo as almas atiradas que se desnudam
frente à liberdade camuflada da internet
e deste seu habeas corpus que não liberta.
Leio resenhas e rancores e ojerizas públicas,
sinto o asco da falsa manhã cinza e não velo
os seus fígados que enrijecem no meio da rua.
No mal-estar desconfortável desta conjuntura,
sou o próprio náilon que me cala e me costura.