A NOITE

À noite soltam-se as medusas

As estrelas brilham

Há luzes espalhadas na cidade

E há gelo a tilintar nos copos e bebidas

À noite faço as pazes comigo

Redimo-me parto e vou

Esqueço os exércitos imbecis e baixos

Voo á altura de campanários e torres

E danço louco e nu numa dança infernal

À luz da lua

À noite encontro os outros

Noutros corpos noutras quedas noutras fugas

Reparo na beleza no seu estado puro

Observo incrédulo o orvalho a geada e a essência

À noite esqueço-me de que existo

Bebo rodopio e choro

conformo-me

com a minha existência ínfima

com a finitude próxima

experimento o medo e o terror

os dois em um

À noite

Não sou eu mais

Sou eu um outro

Que desconheço e temo.

José Manuel Serradas
Enviado por José Manuel Serradas em 30/01/2022
Código do texto: T7441200
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