Onde a vida fosse brisa
Na estrada de folhas secas,
Tais de outono obsoleto,
Em consorcia com o tredo,
Com verdade em enredo.
Beirando em meio ao mar de eucaliptos,
Sabe-se lá qual caminho seguir,
Quantas cotas haverão de vir,
Apenas a certeza de um desfecho,
Em que as linhas fossem retas,
E as curvas um soneto.
Em que as notas fossem o arruído,
Dos passos em meio ao sossego,
Das folhas que caem tardia,
As lendas de algum devaneio.
Em que a estrada fosse a vida,
Onde tal é a própria caminhada,
O sofrimento que subsiste,
Leva a ti direto a vala?
Onde a vida fosse brisa,
Essa mesma que vem e passa,
Tais seriam os ruídos,
Os sofrimentos que ela arrasta?
E por fim se assim fosse a vida,
As arvores que perduram a trilha,
Seriam as folhas que caem,
O sofrimento que predomina?
Em tal abstrato que te ponho,
A vida sendo apenas aldravia;
Vida,
Sentimento,
Remorso,
Partida,
Verdade,
Mentira.
Tal estrada que perdura,
Até que por fim se finda,
As arvores que nos perseguem,
Agora são outras vindas,
Os teus galhos deformados,
Tua forma tão distinta,
Os teus traços pavorosos,
Teu sorriso de bisca.
Quando a noite se entrelaça,
E a escuridão permeia a floresta,
A estrada que de dia modesta,
Na escuridão uma orquestra.
Uma ventania fria,
Um redemoinho enfezado,
Os ruídos do silêncio,
As risadas do diabo.
Que por fim se abomina,
Em tal rumo que és dado,
Volta a vida a ser a mesquinha
Volta o dia a ser nublado.