Desperta(dor)
Súbita angústia.
Subversora de minha conivente autopiedade.
Faz-me subir a montanha.
Sei que consistes na dificuldade que sinto.
E todo esse esforço que faço, não perceptível aos olhares alheios, não importa.
Subjacente jaz a força que tenho para vencer-te.
Obtuso emaranhamento.
Grilhões atávicos.
Herança pujante e pusilânime.
Subjugada(s) coragem(ns).
Preciso alçar-me à solitude.
Despertar em mim o sujeito cognoscente.
Abandonar essa realidade distorcida pela covardia dos “sãos”.
Abjurar as bravatas inócuas ao objeto/sujeito (in)cognoscível [...]
Atingido o cume, mergulho de volta no abismo filogenético que sou.
Enfim compreendo..., nada mais importa.
Faz-se imperioso que flua.
Só assim posso encontrar a paz e a sanidade que anseio e mereço.
É, Mestre Fernando, assim como Clarice acertou sobre as vantagens de sermos bobos, acertastes sobre a dor e o fingimento.
Mas, há dor nas palavras e nos olhares de todos aqueles que nos rodeiam..., não só no poeta.
E isso..., importa!
Logo, aceito ser a porta pela qual extravasa(m) toda essa dor.
Exatamente essa, que não encontrando vazões outras, obriga a fingir o que deveras sentimos.
Ipatinga, 29 de janeiro de 2022.