POSTES
Sei bem que moro num cofre
escondido entre seus miolos
e mesmo a sete chaves afloro
de repente no seio do seu colo,
até nos tutanos dos seus ossos
— aquele tisno bastardo inglório
que você renega, proíbe e enxota
dos seus ais de nãos mentirosos.
Mas estou dentro dos seus poços,
onde você joga o balde das horas
e grita nos escombros dos lençóis
ao lado do seu homem sem órbita.
Sou o seu fantasma e a sua morte
e você me sonha calada e me solta
no meio desta umidade silenciosa:
sou seu não, a sua ânsia escabrosa,
sua hipertensão e o frio que escorre
do latifúndio de seu pelo feito poste.