Sorrisos - Sementes
Não tenho subsídios
Do meu modo de ser e de está no mundo
Pra manutenção de pensamento único e linear
Não tenho tempo !
Não tenho paciência !
Do fundo do meu avesso, do lodo e das nódoas dos pântanos pessoais
Subversivos e transgressores
Sem o termômetro frio do teu olhar!
Não tenho tempo
Pra perder tempo !
Vivo submerso
Inundado em meus caminhos
Que compus com lágrimas e sorrisos
Com tristezas e gozos
Com o derradeiro pedregulho
Nos monturos com cheiros das manhãs !
Não tenho tempo a perder
Não tenho tempo pra mercantilização
De lucros e acúmulos
Não vendo meu tempo
Por barganhas mesquinhas
Sou dos subsolos ingremes da canção
Que me traduz
Do poema sem título
E ainda sem tempo pra terminar
Mas que germina e anima
Dá ânimo ao ânima
Da ânsia
Ao gozo
Das flores temperarem sem lucros
Sem interesses
Os caminhos do tempo
Mas continuo sem tempo pra perder com os ventos
Que não açoitam
Sementes que germinem e alumiem
Outros cheiros
E outras cores
Pra o surgimento de um outro mundo
Possível
- Onde Beleza e
Boniteza sejam um doce vício
Em comunhão
Com mulheres
E homens
De almas amalgamadas
De mãos dadas com sonhos sem segredos
Sem medos
Da possível tentativa da construção de mudar o mundo
Sujismundo de poesia
Do pão,
Da água,
Das flores
A matar a fome
E a sede
E nutrir sorrisos
Espalhados como sementes
(raicarvalho)
27012022
tarde