É minha sina
Há vinte anos no mesmo lugar
Em 2002 me colocaram aqui
Sentado, mãos sobre os joelhos
Óculos sem lentes
Mas meus óculos fora
A expressão de intelectual
Nada dizem pois meus olhos
Vida já não tem
Tomo chuva, sol, vento e geada
Estou em frente ao centro cultural
Que leva meu nome
Todos me veem, tiram fotos
E vão embora
E eu aqui, sol e chuva
Dia e noite
Mesmo sem cobertura aqui estou
E aqui ficarei quem sabe
Por toda eternidade
Pois para sempre sou
Carlos Drummond de Andrade!