MULHER
(Sócrates Di Lima)
Como tantas noites morenas,
Em nuvens mescladas de luas,
Prenunciação em cena,
Trazem imagens tuas.
Mulher de lábios de algo tão doce,
Como favos de mel,
Imagem que me trouxe,
A brisa vinda do céu.
E como não poderia deixar de ser,
Pinto-te como a poesia que me tens,
Nos teus olhos o brilho do anoitecer,
Mulher, assim como a brisa, tu vens.
E eu te acolho em mim,
Num abraço longo que de longe vem,
Uma distância que já conheço assim,
Como conheço o caminho de ti, meu bem!
Alva a tua pele como um marfim,
Mas teus cabelos que não sei que cor tem,
Não importa, tens ares de querubim,
Um anjo que do céu da minha alma vêm!
Não é loura tampouco morena,
Mas tens a cor do meu bem querer,
Tua cútis tem a cor do meu coração em pena,
Mas não pálida que se possa se desfazer.
Se havia tempos não chamo,
Uma mulher de amor meu,
Não nego, nem reclamo,
Agora tu podes me chamar de teu.
Em um carinho de pétala de flores,
Levo a ti a minha ternura d'amor...
Silhueta de poucas cores,
Imagem de céu, na cor sublime de uma flor.
Abraça-me com a alma tua...
Nas noites de lua cheia...
E nas estações vistas nas ruas,
Da janela que meu olhar anseia.
Dizes que o teu amor já era meu,
Bem antes de me conhecer...
E o meu, livremente pode ser teu,
Basta então tua alma na minha se reconhecer.
Como a noite morena te faz mulher...
Teu olhar em luz de lua me toma,
E assim cedo-me e sigo-te como meu corpo quer
Para me abrasar em fogo o amor que em ti é chama.