Eu, cheio de razão !
Vivi camuflado
Engasgado, escondido
Na maldita teia da razão
Que só me resumia
A um pássaro com voa com uma asa
A destilar um canção frágil e morimbunda
A semear enganos e cegueiras
Trilhando equívocos de que com a razão
Tudo posso
Reduzo, rotulo, manipulo, engano, suborno
Sem me perceber
Como o maior equívoco de mim mesmo !
Sem perceber que era tarde
Trilhei caminhos tortos e amargos
Sem sentir o doce vigor que teimava explodir de mim
Como um vulcão aceso, viril, sutil,
Fertilizado da beleza que urge em tons e vigores de poesia
Razão rédeas
Razão cerca
Razão ventania
Disruptia, engodo
Suborno de meus sonhos tenazes
Eu sem razão
Nu e cru
Enamorado e enamorador
Das trilhas e fagulhas
Sem o cajado torto e roto
A desertar orvalhos e estrelas simbólicas
Eu - Nu
Sem Razão
Motor de minhas ilusões de que sem poesia eu tudo podia
Mas menos percebia
Que eu era meu maior engano
Abandono de utopias
Sem as trilhas
Sem rimas
Sem crostas da poesia que enleva, acaricia
Sem vertigens
Sem fuligem
Do doce engano
De viver sem a Boniteza
Que surge dos grãos
Dos pólens, dos silêncios,
Das pétalas, das frestas, dos ecos,
Dos abismos,
Sem medo da ferrugem que corrói com todo vigor os úteros que imperam
Nascedouros de poesia
Eu !
Hoje, sem razão
Hoje, despido do ledo engano
De que viver só com razão me bastava viver ...
Hoje, vivo o gozo , da vertigem
De ser anjo-demonio
Sem certeza
Sem razão
Hoje, sou pássaro que voa enamorado
De outra razao de viver
(raicarvalho)
25012022