NA FINITUDE DA VIDA
A finitude da vida não dá chance pra ensaios,
pois estreia quando bem quer
e sem relampejos prévios.
Seus passos firmes dedilham que não há mais
trilha a prosseguir, não há mais alma a adubar,
não há mais sonhos a cerzir.
Quando é chegada a hora, anjos enlaçam e
nos levam para o tudo, talvez para o nada.
Daí nos tornamos meros devaneios descarnados,
tendo seus fios se minguando um a um até não
restar mais fio algum.
A finitude da vida é vão cruel, impassível,
cravando suas unhas na nossa história sem
dó, sem perdão, sem medo.
Nesse balaio inevitável, nos juntamos aos demais
numa cantoria única, viramos restos da mesma
fuligem, do mesmo chão, do mesmo galope.
A finitude da vida arremata nossos respiros
sem pressa, sem atropelos, sem rebarbas.
Nos leva ao colo de uma nova missão,
e assim retomamos o passo, a lida, o que for.
Até que a finitude pouse novamente,
com seu gingado pleno, com seu suor
pronto para enxurrar de novo.