Desescrevo
Enquanto sinto perco-me,
Conquanto e porquanto
Em tudo acho-me, em tudo
E nada, nele mesmo; enquanto
Escrevo penso, quanto mais penso
descrevo, o atrito das ideias em palavras
expressas aumentam; percorro-me e não encontro nada, este mesmo.
Sinto pela sensibilidade aflorada que é um mesmo nada que aquele,
Percorro o descontínuo nesta escrita e mais uma vez, no ridículo tropeço;
Enquanto escrevo ouço e não-sinto, penso
E se sinto, não escrevo, logo, não penso,
Mas penso sempre, então, sinto-me ao escrever e penso, penso e ajo, não sentindo-me, não escrevo.