Gauchinha
Viajante do mundo, responda,
conte-me tudo, nada me esconda:
onde andará aquela mocinha
que me encantava quando ela vinha
faceira e linda na minha rua?
Hoje é a saudade que em mim atua,
ao recordar aquela guria
que o Rio Grande reclamou um dia.
Foi-se a moça, levou o meu sonho,
deixando aqui um rapaz tristonho.
Quem sabe atenda num consultório
de Porto Alegre, ou num escritório.
Pode estar atenta no cultivo
de grãos de arroz e também de trigo
na fazenda que já foi do pai
lá na fronteira com o Uruguai,
casada com um gaúcho grosso.
Talvez solteira, pense no moço
que arrebatou nas bandas de cá
quando ela morou no Paraná.
_______
N. do A. – Na ilustração, Moça Lendo no Jardim de Barbara Jaskiewicz (Polônia, 1957).