CONSÓRCIO

Deu a hora em que corpo e alma

decidem acordar um pacto raro:

ecoar silenciosos meus pecados

(aqueles que mantenho trancados,

pois o verso prende sem cadeado).

E tudo parece um tribunal montado

neste consórcio de aura e de carne,

onde o júri é feito de um só jurado:

o nevoeiro do seu próprio passado.

Não há sentença e nem condenado...

Sou eu o martelo que não dá na tábua

(faz escuro e a manhã sumiu do mapa).