Trecho do livro "CARAMURU" de autoria do Frei José de Santa Rita Durão
Academia Virtual de Letras António Aleixo
Patrono: Frei José de Santa Rita Durão
Acadêmico: Mauricio Duarte
Cadeira: 39
Acadêmico Vitalício
"LXI
Terra porém depois chamou a Gente
Do Brasil, não da Cruz; porque atraída
Doutro lenho nas tintas excelente,
Se lembra menos do que o foi da vida:
Assim ama o mortal o bem presente;
Assim o nome esquece, que o convida
Aos interesses da futura glória,
Aos bens atento só da transitória.
LXII
Observa o bom Cabral todo o prospeto
Da imensa costa, e pelo clima puro:
Pelo abordo tranqüilo, e mar quieto,
Chama o seio, em que entrou Porto Seguro:
E olhando com saudade o doce objeto
Do seu destino, se lamenta escuro,
Que pela empresa a que mandado fora,
Não permite na Armada outra demora.
LXIII
Manda depois ao Luso Dominante
Um aviso do clima descoberto;
Nem tarda Manoel então Reinante
A enviar um Cosmógrafo, que experto
Da escola fora, que o famoso Infante
Para a Náutica ciência tinha aberto,
E Américo dispõe, que ao Brasil parta,
De quem deu nome ao Continente a Carta.
LXIV
E por ter quem aos nossos interprete
Do ignorado idioma a escura sorte,
Alguns em terra condenados mete,
Devidos por delito à crua morte:
A vida como prêmio lhe promete,
Quando com peito se atrevessem forte
A esperar no Sertão nova viagem,
Aprendendo os rodeios da linguagem"
Trecho do livro "CARAMURU" de autoria do Frei José de Santa Rita Durão.