Vaga-lumes

Sinto-te à miúde.

Os objetos pela casa reportam-me as horas frias.

Já é fim de tarde no travesseiro tocado pela luz que se despede no crepúsculo.

Entra pela janela e aquece o teu lugar em nossa cama.

Engana-te ao pensar que a compreensão dos teus sentimentos é para mim uma tarefa impossível.

Se não a realizo de forma consciente, digo-lhe então que nem tarefa é!

Entender-te é um fluir de água corrente.

Tão logo termino de contornar-te em minha mente, imagino-te novamente em nosso abrigo.

Não me escapam detalhes.

Compreendo a disparidade entre o teu desejo e a tua realidade.

Só não me trate com ironia.

Teu riso é defesa.

Meu choro é agonia.

Agora já é noite, e como de costume, somos eu e os vaga-lumes.

Tu estas a mofar enquanto respira o ar de uma terra úmida.

Tens cansaço e sonolência.

Tenho medo e arritmia.

Dispara-me o peito em galopes sôfregos, e só se acalma quando em tua companhia.

@literuaitura