A POTÊNCIA DO GRITO

Aprendi a destilar meu grito

entre a prisão da palavra

e os limites da voz.

Agora sei gritar tão alto

que não sou ouvido.

Mas todos sabem

que eu grito,

sentem o meu grito

como se fossem agredidos

por qualquer soco invisível.

O grito está no meu olhar,

no meu modo de andar,

vestir, rir, e falar.

Meu corpo exala o fedor

do grito.

Por onde passo,

tudo e todos

são perturbados

pelo meu grito.

Definitivamente,

não sou sociável.

Estou sempre vestindo protestos.

E mesmo quando calado,

exibo nos lábios cerrados,

um silêncio que guarda

a potência do grito.

Carlos Pereira Junior
Enviado por Carlos Pereira Junior em 19/01/2022
Código do texto: T7432598
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