A POTÊNCIA DO GRITO
Aprendi a destilar meu grito
entre a prisão da palavra
e os limites da voz.
Agora sei gritar tão alto
que não sou ouvido.
Mas todos sabem
que eu grito,
sentem o meu grito
como se fossem agredidos
por qualquer soco invisível.
O grito está no meu olhar,
no meu modo de andar,
vestir, rir, e falar.
Meu corpo exala o fedor
do grito.
Por onde passo,
tudo e todos
são perturbados
pelo meu grito.
Definitivamente,
não sou sociável.
Estou sempre vestindo protestos.
E mesmo quando calado,
exibo nos lábios cerrados,
um silêncio que guarda
a potência do grito.