COMPAIXANDO
Compaixão tem gosto terno, nada encardido,
nada arredio, nada puído.
Suas teclas encantam, trazem à tona, respingam luz.
É néctar soberbo, altivo, de rei.
Sabe ornar os ventos, sabe acarinhar o medo,
sabe domar todos passos sem fé.
Compaixão é pra poucos, pra quem já desatou
as rédeas do talvez, pra quem já alforriou os próprios
desencantos, as próprias câimbras na alma.
Compaixão desembesta os fracos, desespera os farsantes,
derruba quem afronta a dor sem dó.
É nódoa farta de zelos, de perdões, de acolher.
Na compaixão debruçamos o nosso melhor suor,
a nossa mais linda florada, o nosso mais encantador
viver.