O EU COMO SIMULAÇÃO
Eu, que por fora,
pareço com todo mundo,
que vivo como e com os outros,
enraizado na superfície dos dias,
não sou mais do que a ilusão de um rosto.
Meu nome, persona,
endereço, ou número de identidade,
vestem precariamente meu corpo,
mas nada revelam do que há
por dentro deste eu concreto
que acena nas ruas,
que vomita silêncios no prato do almoço.
Por dentro de mim
corre o avesso das coisas,
a indeterminação biológica
e o absoluto do tempo que me faz absurdo na abstração do mundo.
Por dentro de mim tudo é mudo.