O vírus
O vírus - Marta Souza
Do meio do nada,
Um temido vírus invisível
Vai colocando coisas lugar e destoando outras,
Como uma orquestra desafinada.
A natureza que pedia socorro
Teve um tempo de trégua;
As pessoas que corriam desesperadas,
ficaram em casa, prisioneiras do medo;
Os laços familiares antes rompidos,
fortaleceram-se pelo convívio diário.
Conversas frente a frente, foram canceladas.
A internet que ligavam pessoas solitárias,
unem pessoas em salas virtuais.
Sonhos planejados são prorrogados;
A solidariedade torne-se comum;
Suaves perfumes são trocados por álcool em gel;
A pandemia política é disseminada
causando alvoroço e discórdia;
Até as igrejas, lugar de adoração e encontros
Fecham as portas, colocando em xeque a fé;
Ruas vazias, comércios paralisados;
A solidão faz companhia às praças e bares.
O isolando social é ordem;
O grito eufórico das crianças nas escolas,
Torna-se um silêncio denso;
Somente uma coisa prevalece em meio ao caos:
O amor! Amor sentido no coração
Sem contatos, nem toque de mãos.
E os abraços? - Só com o coração.
Aquele abraço que afaga a alma
Passa ser expresso com os olhos.
Nunca se falou tão profundamente pelo olhar,
já que o sorriso foi vetado por máscaras;
Os idosos foram guardados em uma redoma,
Se antes seus direitos eram poucos,
agora quase nenhum.
Os profissionais da saúde se tornaram heróis da
resistência, tentando aplacar a fúria do inimigo oculto.
Uma corrida contra o tempo...
Cientistas se desdobraram para encontrar a cura.
Um vírus que colocou em pé de igualdade,
Dentro de valas comuns, nobres e plebeus.
Vai passar!
E quando tudo isso passar
Que tenhamos aprendido
Que um abraço, cura feridas da alma;
Um sorriso destampado diz muito;
Que a liberdade é o bem mais precioso da vida;
Que a pandemia ensinou valores, não preços;
Enquanto isso ficaremos de castigo,
esperando que o pai nos tire
do cantinho do pensamento!
(Sobre o corona-vírus - madrugada de 16/05/2020)