PLACEBO

Incomodado no seio da tarde morna,

entre o arquivo em branco e a encosta

do morro, mesclada de cinza e ardósia,

caio novamente na ilusão de uma rota

imaginária, no enredo que me transporta

às curvas da sua neve quente que alojam

a inédita encarnação deste corpo utópico

parindo a perfeição no sal dos meus suores.

Mesmo aqui de longe, posso ouvir as notas

da água contra os seus ombros sem ossos

e fotografo todos os leitos que ela percorre

durante o banho que invento antes da morte.

Por que o poema? Sua ausência é mais forte.