Registro
Quando
Com dor e saudades
Olho a terra donde nasci
Não posso
Sob pena cometer crime de esquecimento
Deixar de pensar
Nos que me antecederam
Sou
Por assim dizer
Um galho, uma folha
Da grande árvore, minha gente
Esclarecido isso
Sigo
Sigo os passos e as emoções dos meus
Então
Com dor e saudades
Eu
Que dessa terra
Sou parte e elemento
Como o garoto que brincou com pipas
E adulto
Construiu pontes
Sei que nada sou
Se esquecer donde vim
E
Como se completasse a jornada
Ou
Como o semeador
Que joga na terra os frutos que virão
Também eu
Pobre e velho
Sigo
Com dor e saudades
Da terra
Da terra que gerou
Da Terra que me acolheu
Sigo
Sigo
Como se a estrada
A cada passou meu
Como um prêmio distante
A estrada
A cada passo meu
Ela própria
Como se quisesse me obrigar a caminhar
Ela própria
Aumentasse sua dimensão
Para que eu
Sem parada certa
Nunca deixasse de caminhar
Nunca deixasse
Como quem joga sementes
Eu
Com meus passos e tropeços
Construísse a estrada
Que me levará e ligará
Aos que me antecederam e aos que virão
Assim sou
A estrada e a ponte
Por onde
Tudo aconteceu
E permanece na memória