Conter do fôlego

No derramar das palavras,

Aos sons que se dizem prosa,

Jorram intensas e voraz lavas,

Como se antes nunca conhecera a poesia,

Untada com o azeite do prazer,

Benzeu seu colo ao escrever,

Grávida da inspiração, suspirou...

Seus gemidos eram valsas na madrugada,

Suas estrofes calavam silêncios,

Das badaladas daquele tempo frio,

Onde o cio a devorava na noite,

Em que caminhara de lés à lés,

Ao sons vazios dos seus pés,

Ai se o tempo não conhecesse seus passos,

Lentos, doridos e escassos,

Triste luar, reluzindo os pirilampos,

Da vontade da sua ânsia de se libertar,

Ao rodopio da sua própria ilusão,

Como se seu barco nem tivesse vela,

E nem tivesse direcção,

E elas ao vê-la, resplandeceram,

Iluminando seus caminhos,

Até a colina do ventre,

Para o exibir da poesia no ápice,

E fazer vingar os seus propósitos,

Contra aqueles que levantaram os dedos,

Para que a prosa a inibisse com medos,

E roubasse alegria dos seus prantos,

E cortasse o fôlego do seu respirar (...)

(M&M)

Daniel Miguelavez ou Merlin Magiko
Enviado por Daniel Miguelavez ou Merlin Magiko em 11/01/2022
Código do texto: T7427146
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