SE O AMOR DESEMBESTA
Quando o amor desembesta,
feito ramalhete de folhas mortas,
feito pó que impregna o chão se nunca cansar;
A gente destempera, desidrata, desespera,
dá vontade de cortar a alma em picadinhos
dá vontade de chorar até o choro secar de vez.
É dor tirana, descabida, descarilhada,
que amotina o sentir, o querer, o pertencer,
enruga o sangue até virar pedra,
deixa o bonito triste de vez.
Então o amor inerte, acorda,
sacode seus guizos, seus mantras, seus deuses,
traz à vida cada grão banido sem pena,
ressuscita seus cânticos, folias e gingados,
revira do avesso cada gosto amargo, cada vão indigesto,
retoma seu posto viril e belo de antes,
pra nunca mais deixar de ser assim.