VISITA
Tinha então teu endereço e
Afoita
Subi os tantos degraus pra te encontrar entregue ao vento com tua saia estampada
Conjuravas a paisagem
E toda a noite descia à tua janela
Com suas estrelas acesas
E nuvens condensadas
Depois do silêncio abotoado nas dobras do tempo
Estendi a mão ainda quente
E pude sentir perpassar pelo corpo o rastro
Da galáxia em movimento
O pousar do pássaro no escuro
A queda da folha
A água por entre as pedras
As pedras beijadas pela água
E em tudo uma esperança amarfanhada
Na lágrima rasa
Lançando gotas sobre móveis e flores
Ciente da grandeza e da pequenez com que se arrastam esses dias por detrás do espelho
Mas tudo isso foi súbito, foi quando passei pelo teu endereço e vi a janela aberta.