VISITA

Tinha então teu endereço e

Afoita

Subi os tantos degraus pra te encontrar entregue ao vento com tua saia estampada

Conjuravas a paisagem

E toda a noite descia à tua janela

Com suas estrelas acesas

E nuvens condensadas

Depois do silêncio abotoado nas dobras do tempo

Estendi a mão ainda quente

E pude sentir perpassar pelo corpo o rastro

Da galáxia em movimento

O pousar do pássaro no escuro

A queda da folha

A água por entre as pedras

As pedras beijadas pela água

E em tudo uma esperança amarfanhada

Na lágrima rasa

Lançando gotas sobre móveis e flores

Ciente da grandeza e da pequenez com que se arrastam esses dias por detrás do espelho

Mas tudo isso foi súbito, foi quando passei pelo teu endereço e vi a janela aberta.

ROSE VIEIRA
Enviado por ROSE VIEIRA em 09/01/2022
Código do texto: T7425705
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.