Roupa suja
O marido, com cuidado,
após um dia pesado,
vai beber no velho bar,
onde o aguarda, após a luta,
a de sempre, a preferida,
a mesma discreta puta.
Não falam nada da vida,
da violência ou carestia.
Num pequeno quarto aos fundos,
avidamente se lançam
num mar sem fim de prazer.
Alguns gemidos apenas,
não há nada o que dizer.
Finalmente, saciado,
veste o seu terno alinhado
e vai direto para casa.
Lá, o espera a santa esposa,
já preparando o jantar!
Sempre pronta para ouvir
tanta coisa acontecida.
Os problemas corriqueiros
e os dramas universais
da realidade perversa.
E segue-se, então, comprida,
sem hora de terminar,
aquela negada conversa
da visita à dita cuja.
Mostrando que roupa suja
lava-se mesmo é no lar.