Roupa suja

O marido, com cuidado,

após um dia pesado,

vai beber no velho bar,

onde o aguarda, após a luta,

a de sempre, a preferida,

a mesma discreta puta.

Não falam nada da vida,

da violência ou carestia.

Num pequeno quarto aos fundos,

avidamente se lançam

num mar sem fim de prazer.

Alguns gemidos apenas,

não há nada o que dizer.

Finalmente, saciado,

veste o seu terno alinhado

e vai direto para casa.

Lá, o espera a santa esposa,

já preparando o jantar!

Sempre pronta para ouvir

tanta coisa acontecida.

Os problemas corriqueiros

e os dramas universais

da realidade perversa.

E segue-se, então, comprida,

sem hora de terminar,

aquela negada conversa

da visita à dita cuja.

Mostrando que roupa suja

lava-se mesmo é no lar.

Fernando Antônio Belino
Enviado por Fernando Antônio Belino em 09/01/2022
Reeditado em 14/01/2022
Código do texto: T7425156
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