Encontro inadiável

Ao verme que comerá da minha carne

Por respeito

E ciente que não sairei vencido dessa batalha

De ante mão

Mais que qualquer outra certeza

E mesmo antes de saber que nasceria

Invencível como se fosse Hércules

Já sabia

Assim que dei o primeiro grito

Sem que eu tivesse noção

Nosso encontro já estava marcado

E sem que alguém me dissesse

Eu já sabia

Dessa batalha

Por mais que lutasse

Jamais sairia vencedor

E eis

Sem que eu programasse

Sem que quisesse

O dia

Que nunca marquei

O dia chegou

E já ciente que não haveria adiamento

Não empenhei resistência, não lutei, não me rebelei

Aceite o veredicto sem hesitação

Aceitei a sentença

E

Como ao condenado que ouve a pena

Também eu

Sem hesitação, sem rebeldia

Aceitei

Antes que eu morra

Permita-me, antes,

Granjear um poema e um oferenda

O poema: dormi o sono. Quando acordei. Assustado. Vi o mundo.

A oferenda: aceita graciosa dama. Aceite minhas flores como um pedaço d'eu. Há muito amo. Nunca disse nada. Temia ser correspondido. E tudo se acabar.