A Sentença

A Sentença

Fui falar ao juiz da região,

Um doutor sábio e meio anão,

Contei-lhe a história de encantar,

Que sem perceber o porquê da situação,

Nem onde comecei a errar,

Dei um tombo que ainda estou a sangrar.

Contei-lhe a minha vontade,

Meu juizo e o sonho de ir a qualquer parte,

Falei-lhe no Reino de Pica Pau,

De Sereias e de uma viagem na minha nau,

Descrevi-lhe o quanto remei,

As tempestades que tive e onde andei.

Falei-lhe do sonho que perdi em alto mar,

E agora, que olho a história, só me apetece assobiar,

Os ventos não me sopram de feição,

Não vislumpro nem à lupa o que quero ao serão,

A tecnologia não ajuda,

E minha varinha de condão avariou e está muda !

O juiz ouviu tudo sem perguntar nada,

Olhou-me de cima a baixo e perguntou pela minha espada,

Mandou-me levantar os braços,

E apanhar os restos, mesmo que esteja tudo em pedaços,

Mandou-me ir à luta do novo dia,

E empunhar minhas armas, mas sem histeria,

Disse para olhar para o meu palpite,

E fazer o que sonho, mesmo que não acredite !

O resto da sentença foi beber um caldo de cana,

E fazer amor até cair da cama,

Beber dois sucos de laranja com morango,

E convidar a princesa para dançar um tango,

E na questão do pagamento ao tribunal,

Paga-se em poemas que sejam publicados no jornal !

Nenúfar 30/10/2007

Nenúfar
Enviado por Nenúfar em 18/11/2007
Código do texto: T742469
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