Nesse cotidiano oprimido
Nesse cotidiano oprimido
Em que navegamos um barco
Povoado pelos parvos
E pelo surdo medo
Do naufrágio da dor
Cotidianamente oprimidos
Pela escassez e pelo terror
De sermos condenados
Por existir
Acusados de cometer
Crimes nem sonhados
Embalados em invólucros
Que nos tolhem a vida
A dança e o florir
Cotidiano em que o ar
Que pensamos respirar
Talvez seja apenas
O gás ardente
Que sufoca o condenado