NO LEITO 22

Me internaram num hospício,

pois pensar é o meu ofício.

No leito,

as letras me dimanam pelos poros,

orifícios!

O meu único artifício

é o raciocínio.

Ninguém lá fora tem visão.

Ninguém nada entende não!

Tal como, nas camas da razão,

a paranoia é abstrata.

Declamei um sonho à Berta Pappenheim.

E no que tange ao mais ou menos

com a monologicidade para mais.

Ninguém suspende minhas tarjas

- lesa, lúcida macules profética!

É o fim dos dias;

é o fim da Ética!

Pois

varri um tempo quando fui Napoleão

e construí os meus templos,

enquanto Rei Salomão.