Página em branco

Uma página em branco,

Uma gota translúcida e sorridente escorrendo pelo vidro da janela,

Uma promessa pronta e à espera

De qualquer ocasião que a transforme e a torne palpável

E durável e feliz.

A palavra, por vocação, é suicida

Não volta, não se intimida, nem se conserta, nem é detida

Vive e morre ensimesmada, por um triz.

Proferida, dita, esperada

Tal qual bala doce e perdida

Em pele quente e perfurada

Principia sempre na página em branco,

Na promessa da inteireza

E da pureza

Do que ainda não é nada.