Versinho de pé quebrado
Um versinho banal, de rima externa,
Veio a mim nessa tarde pachorrenta.
E a poesia insiste, enquanto tenta,
Em vão, se equilibrar numa só perna.
E vem mais um versinho e afugenta
Uma réstia de sol que pede abrigo,
E a poesia ouve o que eu não digo
E fala o que não ouço, e argumenta...
Dá-me um tempo e vou ver se eu consigo
Um versinho melhor, embora antigo,
Para chave de ouro do soneto.
Quem sabe algum versinho arrependido
Possa roubar-lhe o pejo e o sentido...
Vou pensar... todavia... não prometo.