ARAMES
Vejo todos no tempo invisível, feito este abismo
suspenso com a despedida dos tios, dos primos
gerando mais primos e outros tipos de sumiços
desses atos quase incompreensíveis do destino.
E tento encontrar as soluções para o meu verso,
se liberto aqui uma rima distribuída, um metro
ou adoto o modo branco. Repito do meu mestre
a lição: — Tudo tem de estar a serviço da fatura
final do que se pretende, e não das arquiteturas.
Estou sempre entre restos e a tarde faz do bege
a sua casa abafada abaixo da fumaça do reflexo
dos arames que coam as palavras sobre as telas
e as retêm junto dos pelos e das escamas da pele.
Guardo o silêncio do cirro e o granizo que desce.