RETALHOS
Agulha em uma mão,
Um carretel na outra,
No fundo uma triste canção,
Mas vamos lá, moça, pegue seu novo retalho do chão,
Costure-se mais uma vez!
Era uma vez,
Uma outra vez,
A velha boneca de pano
Com um coração humano que se desfez.
Brincaram e foram embora,
Foi usada e jogada fora.
Não estava no seus planos sentir,
E nem ter tantos enganos,
Muito menos deixar surgir
Todas as lágrimas que molharam seu pano.
Sem sensibilidade,
E com certa crueldade lhe cortaram,
Mesmo vendo suas várias costuras.
Pessoas de vidro quebradas
Pegaram seus vários cacos
E ao invés de colarem os seus pedaços,
Acabaram por lhe machucar.
Que grande azar!
1, 2, 3
Costure-se mais uma vez,
Pegue cada pedaço,
Junte todos os retalhos dessa paixão em frangalhos.
Foi rasgada em mil partes,
E ninguém quer amar os trapos
De uma boneca reconstruída em retalhos
Que se refez sozinha.
Olhem, que ironia.
Pobre menininha!
Insiste em se colocar a venda,
Espero que não se arrependa
E que dessa vez aprenda
Depois de tanta dor,
A cobra o seu real valor,
Pois fiapos não servem como amor.