Espera
Minha boca inerte
cala a palavra pura
que um dia quis dizer e não disse.
Afinal que desejo é este
que me toma o instinto,
que me turva a vista,
como a névoa que encobre os campos
numa tarde de chuva nua
e eu,
ainda vagando na rua
esperando te encontrar
Me atirando sem piedade
num estado de torpor,
para então poder compor
a suave melodia
que um dia te brindaria,
sem ao menos que eu soubesse,
sem que ao menos escutasses
o lamento dos meus ais
E assim vinda do nada
coberta com as luzes da estrada
virias tranqüila e passiva
tomar de assalto minha meu sonho
com seu ímpeto de vida
me deixando sem saída
e sem por onde poder escapar
me fazendo imaginar
quanto amor me esperaria
nos limites do teu corpo
num suspiro quase morto
de desejo e de pesar
Mas não me sinto traída
aprendi como aguardar
pelo que talvez não venha
e eu nem sei se vale a pena
mas que compensa o sonhar