ASSOPRO AS VELAS
Assopro as velas
como quem assopra
as cinzas das horas,
a poeira do tempo,
as folhas descartadas
dos calendários.
Saúdo a velhice que me aguarda,
ansiosamente, na esquina.
De mãos dadas como dois amigos
(ou inimigos?),
caminharemos juntos
fazendo novos planos,
por mais cinquenta anos?...
Navego agora
pelo rio da maturidade,
enfrentando tempestades,
caminhos espinhosos,
desertos inefáveis...
Mas o que importa?
O infortúnio faz parte do aprendizado
na escola da vida
vivida, sofrida,
da lida não lida.
Entre ledo engano
de seres humanos,
Assopro as velas
dos meus cinquenta anos.