O Espólio do Silêncio

Dos meus olhos escorreram

Duas surpresas ardentes e magoadas,

Quando teus gritantes silêncios emudeceram

O canto das minhas quimeras anunciadas...

Em vão, tua mudez tentará apagar os rastos

Não executados do que deveria ser,

Nem teu medo de amar fechará teus olhos gastos

De tanto me procurar, mas sem me ver.

Não dirá o teu silêncio - tua amargura o proíbe -

Que essa saudade nua que te acompanha

Não quer vestir-se, e mais se exibe,

De nudez exposta à nossa luz estranha.

No fim, teus calados medos vão,

Junto com as esperanças que eu vivia a cantar,

Virarem herdeiros dessa vultosa solidão

Que a morte do nosso sonho vai nos legar.

Antonio Maria Santiago Cabral

santiagoamsc@gmail.com

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 01/01/2022
Código do texto: T7419656
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