Amora...
Quão doce o suco,
Paladar das suas pérolas,
No manjar do pomar,
Onde vós quereis saborear,
Tenho nas entranhas a fonte do pecado,
A tentação do âmago,
A imensidão que faz perder o sentido,
Tenho todos os delírios contidos,
Numa só flor, numa só fruta,
Tenho todos os segredos,
A tropicalidade de todas as estações,
Sou fria, sou quente, sou vulcão,
Tenho dor, tenho amor,
Sou ternura, sou loucura,
Sou pureza em exclamação,
Porto dos teus anseios,
A seiva que alimenta a tua fome,
Em mim bebes da fontes dos meus seios,
Sou todos os fins que buscas
Para justificares os meios,
E é entre eles, que te perdes,
Onde em vários lábios matas a sede,
Sou dogma que buscas compreender,
Meio anjo, meio demônio,
Sou menina, mulher,
Alma que se despe ao silêncio,
O cio que congela a solidão,
Sou a proporcionalidade,
Sou liberdade, sou razão,
Quando divides comigo emoções,
Quando multiplicamos equações,
Na química dos nossos elementos,
Entre acertos e movimentos,
Sou o mar que te leva e te traz,
Sou o templo, por onde buscas a paz,
Sou o cais, quando ancoras em mim,
Atingindo o sagrado, enfim
Sou a metade que te preenche,
O pedaço de mel,
Na fricção de pele(s),
Sou o amor que rege nos teus gemidos,
Sou o êxtase que eleva-te os sentidos,
Quando te conectas com o meu ventre,
E sentes, a copula das almas,
No mesmo ciclo, envolventes chamas
Contracções e arrepios,
Loucuras e explosões,
Ápice em nós, orgasmos (...)
(M&M