Tarde

Já é tarde da noite.

Estou sozinho,

não sei por quanto tempo.

Encho um copo de vinho

e jogo garrafa seca sobre a cama.

Pondero sobre as transas vazias

e baratas

e as vidas que deixei

bagunçadas

atrás de mim.

Diante do espelho,

encaro a torrente de lágrimas

que ainda não derramei,

e que pesam nos meus olhos.

Abro a geladeira

e tiro mais uma garrafa.

com a certeza que não será a última.

Espero as batidas na porta,

como fiz por tantas noites,

encarando o silêncio.

Sigo enchendo a cara,

esperando que ela volte

com aqueles olhos

de quem está pronta

para foder a minha vida.

para me fazer perder a hora

e a minha razão.

É por isso que deixei

meu peito aberto.

e joguei a chave fora.

É por isso que eu espero o dia,

de cada volta,

nesta cama vazia.

Mesmo que tenha que amargar

toda a solidão

e o vazio que sobra

quando ela vai embora.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 28/12/2021
Reeditado em 18/02/2022
Código do texto: T7416442
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