Tarde
Já é tarde da noite.
Estou sozinho,
não sei por quanto tempo.
Encho um copo de vinho
e jogo garrafa seca sobre a cama.
Pondero sobre as transas vazias
e baratas
e as vidas que deixei
bagunçadas
atrás de mim.
Diante do espelho,
encaro a torrente de lágrimas
que ainda não derramei,
e que pesam nos meus olhos.
Abro a geladeira
e tiro mais uma garrafa.
com a certeza que não será a última.
Espero as batidas na porta,
como fiz por tantas noites,
encarando o silêncio.
Sigo enchendo a cara,
esperando que ela volte
com aqueles olhos
de quem está pronta
para foder a minha vida.
para me fazer perder a hora
e a minha razão.
É por isso que deixei
meu peito aberto.
e joguei a chave fora.
É por isso que eu espero o dia,
de cada volta,
nesta cama vazia.
Mesmo que tenha que amargar
toda a solidão
e o vazio que sobra
quando ela vai embora.