Quando sai de mim o espanto

Quando sai de mim o espanto

Disfarço e olho pro canto

Deparo com o desencanto

Uma vírgula qualquer

Ilude o sujeito de pé

Aguardando a solução

Mas um senão

Diante de tanta ilusão

O poeta balbucia qualquer questão

Logo estará diante do pelotão

Primeiro os gramáticos dirão

Fuzilem-no então

Suas rimas são frouxas

Seu pé direito não endireita

Sua cadavérica retórica

Volta o espanto

Naquele canto

Onde o homem

Aguardava o sinal

Resta o pó do cadáver

Não viu a aurora

Não viu o verde

Ficou vesgo

Enquanto o carro último modelo

Lhe passava por cima das células

O poeta

Quem é o poeta afinal?

Paulo Luna
Enviado por Paulo Luna em 23/12/2021
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