Quando sai de mim o espanto
Quando sai de mim o espanto
Disfarço e olho pro canto
Deparo com o desencanto
Uma vírgula qualquer
Ilude o sujeito de pé
Aguardando a solução
Mas um senão
Diante de tanta ilusão
O poeta balbucia qualquer questão
Logo estará diante do pelotão
Primeiro os gramáticos dirão
Fuzilem-no então
Suas rimas são frouxas
Seu pé direito não endireita
Sua cadavérica retórica
Volta o espanto
Naquele canto
Onde o homem
Aguardava o sinal
Resta o pó do cadáver
Não viu a aurora
Não viu o verde
Ficou vesgo
Enquanto o carro último modelo
Lhe passava por cima das células
O poeta
Quem é o poeta afinal?